quarta-feira, 21 de abril de 2010

continuação 13

Me senti forte e preparada para derrotar aquele monstro, porque a luz daquele santo havia chegado ao meu coração. Olhava para a janela, até que a porta da minha sala foi aberta, e escuto passos fortes, e vejo alguém atrás de mim. Era a hora do confronto. Olho para o lado e vejo o rosto de Rodrigo, como da ultima vez, totalmente irritado e nervoso, mas dessa vez ele não me assustara. Me viro e fico cara a cara com o monstro que havia estragado a minha vida, vejo seus olhos vermelhos, demonstrando ódio e raiva. Isso me fez gargalhar, porque quem na verdade deveria estar enfurecida era eu. Minhas gargalhadas o irritaram profundamente, e ele pega em meu braço e diz:
- Como você tem a coragem de rir na minha frente, debochar de mim. Eu que tanto te amei, agora você fica ai toda apaixonada pelo primeiro Zé Mané que parece na sua frente? Não vê que ele está mentindo, está usando você Phellipa? Ele quer me matar, pra que ele seja promovido, ou esqueceu que ele é um tira?
- Rodrigo querido, eu tenho pena de você e sabe por quê? Porque você nunca amou e nunca vai amar ninguém nesta sua vida, quem me usou mesmo foi você, fingiu ser alguém que realmente não é. Agora quer destruir a minha vida, que pelo menos uma vez, no meio desta guerra que você está fazendo, fui feliz, mas muito feliz mesmo, ele que me realizou, me deu apoio e secou todas as lágrimas que você me fez derramar!
- Phellipa, eu te amei tanto. Mas agora eu não consigo mais sentir nada além do ódio e rancor por você. Eu sofri tanto quando você me abandonou lá na casa do campo, que jurei pra mim matar você, mesmo que isso doesse o meu coração. E é isso que eu vou fazer, se eu não posso ficar com você, ninguém mais poderá ficar!

continuação 12

Estávamos preparados para colocar o nosso plano em ação. Pelo menos ele achava, mas eu não, eu estava totalmente insegura, e nervosa, porque aquela sensação que eu e Bruno tivemos não podia ser bobeira, era coincidência demais, nós dois sentirmos a mesma coisa, sobre o mesmo assunto. Estava com muito medo, meu coração chorava, só de pensar na possibilidade de algo dar errado e eu perder o meu amor. Ou até mesmo eu morrer e deixá-lo aqui sozinho, sem mim. Nós nascemos pra viver e morrer juntos, somos almas gêmeas, nada neste mundo teria o direito de nos separar, assim eu penso, mas será que alguém poderia fazer isso ?
Estava na hora de o Bruno me deixar sozinha para que o Rodrigo viesse até mim. Antes ele esconde a arma cheia de balas de prata para que eu possa acertar ele e deixá-lo desacordado ele á deixa em um lugar até que fácil para eu pegar, em baixo, bem escondidinha, das almofadas do sofá. Se ele não me mostrasse onde estava eu não saberia. Ele estava abrindo a porta até que eu o chamei:
-Bruno, espere. Eu só queria dizer antes de você ir, que te amo demais, te amo além da vida. Digo isso pra você nunca se esquecer, nunca nem sequer pensar que um dia eu não te amei de verdade. Eu te amei e te amo mais até que a mim mesma, mais que tudo nesta minha vida, e se algo der errado, eu vou te esperar na eternidade.
-Phellipa, não se preocupe meu amor, eu sempre soube disso, e nunca vou esquecer. Nada dará errado meu amor, tudo dará certo, vamos ficar juntos até que a velhice chegue, e quando nós partirmos, vamos juntos, nada poderá nos separar, esse amor que sentimos é forte demais para isso. Eu te amo demais Phellipa, muito mais do que você imagina.
Após essas palavras reconfortantes de Bruno, eu realmente acreditei que nada daria errado e que nós venceríamos, viveríamos, e envelheceríamos juntos. Eu dei o abraço mais forte que pude, não queria ficar sem ele nem se quer um minuto, mas era preciso. Encostei meus lábios nos dele, e dei um beijo, o mais apaixonado possível, mas era quase que inevitável ser um beijo de despedida, com gosto de lágrimas, mas ele sussurrou no meu ouvido novamente que tudo daria certo, e que me amava muito mais do que eu poderia imaginar.
Ele partiu, e foi para longe, onde o Rodrigo não sentisse o cheiro dele. Eu estava apavorada, até que percebi algo gelado em volta do meu pescoço, pareia-me uma jóia, um colar. Aquilo era arte do Bruno, aposto que quando estava dormindo, colocou alguma coisa pra eu sempre lembrar dele. Puxei o colar, que estava dentro da minha blusa, e vi um pingente de São Jorge, ele era muito devoto daquele santo, ele havia me dito que esse santo tinha sido um guerreiro romano, e segundo uma lenda, havia matado o dragão sem medo nenhum, em cima do seu lindo cavalo branco. Me senti segura, reconfortada. E orei muito á aquele santo, segurei bem firme em minhas mãos aquele lindo pingente, e orei para que eu conseguisse assim como ele matar aquele monstro, e que eu pudesse ser feliz. Sei que nada nem ninguém tem o direito de tirar a vida de algum ser, além de Deus, mas que tudo que fosse feito, fosse para o bem de todos, para que ele nunca deixasse que o meu amor e o do Bruno fosse separado.

domingo, 18 de abril de 2010

continuação 11

O dia seguinte seria longo e muito perigoso, precisaríamos descansar e ser precisos em tudo que faríamos amanhã que dormimos, mas juntos, com nossos corpos nos aquecendo. Será que algo poderia estragar esse momento tão perfeito ? Será que todo aquele pressentimento que eu e o Bruno tivemos se concretizaria? Estava com medo que de que algo acabasse mal.
O sol entrava pela janela, e nos despertava para o dia mais importante de nossas vidas. Eu estava tremula, ansiosa, e preocupada com aquele aperto no coração que eu havia sentido, o que será que Deus havia escrito para o nosso futuro? Isso me apavorava.
Bruno havia me deixado sozinha novamente, para comprar balas de prata para deixar Rodrigo desacordado, uma arma de boa pontaria e que eu tivesse facilidade de utilizá-la, para que nada desse errado. Estava desconfortável sozinha, porque depois daquele dia que Rodrigo apareceu e se mostrou totalmente agressivo, eu morria de medo de ficar sozinha. Poderia parecer coisa de criança, mas era totalmente assustador.
Não demorou muito e Bruno abre a porta, e me vê dando um pulo de susto, toda encolhida no canto da sala. Ele da risada, da cena que encontra, mas na verdade, sua vontade era de achar Rodrigo e matá-lo com suas próprias mãos, estava escrito tudo isso na sua face. Bruno era totalmente transparente, tudo que ele pensava, ou sentia, era fácil de se ler em seu rosto.
Levantei rapidamente e fui correndo abraçá-lo. Não queria que ele pensasse coisas ruins por minha causa, não queria que toda aquela aura angelical, fosse trocada por um sentimento ruim, por ódio e vingança. Dei-lhe um beijo de segurança, um beijo de amor, para que tudo que ele estivesse sentindo passasse e só restasse lembranças da nossa última noite, e eu acho que isso funcionou.

continuação 10

Ele sorriu como se tudo aquilo que eu tivesse dito tudo o que ele mais queria ouvir. Eu sentia que se eu não tivesse dito todas aquelas palavras para o meu amor, ele iria desistir de tudo, e me abandonar, mesmo que me amasse, mesmo que doesse. Ele me deu um beijo com vontade, com desejo, com todo o amor que ele sentia por mim, e que ele nunca mais havia de pensar em me deixar, e esforcei pra que minhas dores não transparecessem, mas não consegui, logo uma dor lá do fundo apareceu, e meu querido, sem querer me ferir, parou e olhou meus olhos sorridentes :
- Amor, não querendo tocar naquele assunto, mais já tocando, você quer mesmo fazer aquele nosso plano, sobre o Rodrigo ? Tem certeza que quer correr todo aquele risco? Se não eu mesmo tento matar aquele monstro ...
-Eu prometi pra mim Bruno, que depois de tudo que ele fez pra mim, de todas essas cicatrizes que vou carregar pro resto da minha vida, eu vou matar aquele infeliz! Eu quero fazer isso e vamos fazer isso juntos !
Estava muito tarde, e eu deitada no colo do meu anjo protetor, daquele que eu iria viver resto da minha vida. Sinto uma certa leveza, e algo começando a se movimentar. Acho estranho e abro os olhos, para garantir, pois tudo que me parecia estranho tinha o medo de que fosse Rodrigo, mas vejo que estava sendo levada para cama pelo Bruno.
Ele me coloca delicadamente, e eu já totalmente despertada, olho nos seus olhos lindos e azuis. Como uma pessoa podia ser tão perfeita, ter traços tão delicados e tão lindos? Cada vez mais que eu o admirava e pensava nele, mais eu sabia que ele era o amor da minha vida.
Nós, deitados juntos naquela cama, um olhando para o outro, tendo trocas de carinho e declarações de amor. Naquele momento eu senti um aperto no meu coração, como se fosse um pressentimento de que algo não daria certo, que algo daria errado. Então resolvi fazer o que me veio a mente. Aproveitar cada segundo com ele, porque não queria que se acaso algo de ruim desse errado, não ter sentido o calor de seu corpo, não ter tido aquela união, não ter deixado transbordar todo aquele amor que nós tínhamos um pelo outro.
Comecei a beijá-lo como nunca havia beijado ninguém, senti tanto amor, senti tanto prazer, que não seria difícil me entregar á ele. Percebi que ele também sentia algo diferente, como se aquele fosse o nosso último momento juntos, e foi tudo muito intenso, com muito amor. Todos os meus ferimentos, eu havia me esquecido, e naquele momento só existia desejo, amor e prazer. Eu o amei, como nunca havia amado ninguém, nunca ninguém me teve nos braços, e me feito tão feliz e tão realizada como ele me fez.
O dia seguinte seria longo e muito perigoso, precisaríamos descansar e ser precisos em tudo que faríamos amanhã que dormimos, mas juntos, com nossos corpos nos aquecendo. Será que algo poderia estragar esse momento tão perfeito ? Será que todo aquele pressentimento que eu e o Bruno tivemos se concretizaria? Estava com medo que de que algo acabasse mal.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Continuação 9

Criei coragem, esqueci meus ferimentos, e faria o que custasse para que o Rodrigo virasse pó. Mas será que era isso mesmo que eu queria para aquele que eu tanto amei um dia, que me fez feliz, que em momentos ruins me deu colo pra chorar, de saudades da minha familia, de dor, ou até mesmo quando chorei sem motivo ?
Como ele poderia ter se transformado naquele monstro que tanto me atormenta nos sonhos, nos pensamentos. Agora eu tinha medo da minha sombra, um ruído sequer me fazia tremer todo o corpo, e vinha aquela terrível imagem, aquele cheiro de grava, de terra, me trazia lembranças doloridas.
Respiro. Fecho os olhos e tento pensar em coisas boas, e tudo que me vem em mente são frustrações e a desilução que tive com Rodrigo, tenho uma sensação de molhado em meu rosto, e logo me pego chorando. Mas eu jurei pra mim, que ia fazer ele pagar por todos os meus ferimentos, por todas as lágrimas que ele estava fazendo eu derramar. E pra eu poder viver o grande, puro e verdadeiro amor da minha vida, o Bruno.
Enquanto eu chorava e pensava no rumo que minha vida tomara, Bruno estava tomando banho, e nem percebo quando ele termina e chega ao meu lado. Ele cada vez mais que me pegava chorando, ficava com mais raiva de Rodrigo, com mais ódio em seu coração. Eu não queria que ele ficasse com tanto ódio naquele corpo, naquele coração de anjo. Mas não tinha mais jeito, estva feito, nós estávamos apaixonados, pra sempre... de um modo que ninguém poderia quebrar aquela sintonia que havíamos criado entre a gente. Aliás, havia sim uma pessoa, Rodrigo. E as lembranças de dor, o que fazia com que tudo voltasse e que toda a ravia que ele tem dele ficasse cada vez mais viva.
Eu não deixaria com que meus choros, e minha tortura psicológica acabasse com o amor da minha vida, com a ligação que havia criado com ele. Ele era a minha alma gêmia, e o que seria de mim agora sem ele ? Aposto que nada.
Abro os olhos, e dou o meu melhor e mais bonito sorriso que pude, para poder mostrar um puoquinho do quanto eu amava ele, mesmo nos momentos de dor e de sofrimento. Pego sua mão, faço carinho e deito a cabeça em suas pernas, olhando para aquele monumento de homem do qual eu agora tinha pro resto de minha vida. Penso e logo solto as minhas melhores palavras de carinho:
- Amor da minha vida, eu queria apenas falar pra você o quanto eu te amo, o quanto você é especial pra mim, que sem você agora minha vida não teria o menor sentido. Eu sinto, que tu és minha alma gêmia, e que nosso futuro juntos será lindo, eu sei. Nós vamos vencer e juntos!

domingo, 4 de abril de 2010

continuação 8

Quando ele terminou tudo eram cinco horas da tarde, e eu quase recuperada de todo o sofrimento e dor, sentei no sofá com Bruno, e começamos a pesquisar como poderíamos acabar com Rodrigo, até que vi, que não era uma bala de prata que acabaria com a vida dele, mas o deixaria desacordado por algumas horas, e para matá-lo mesmo teria que cortar todos os membros e queimá-los.
Bruno pensou em um plano, que parecia infalível. Amanhã ele me deixaria sozinha no mesmo horário que ele me deixou hoje, mas ficaria algumas quadras dali, para que ele não sentisse o cheiro do Bruno por perto. Ele esconderia uma arma ali na sala com algumas balas de prata, para que eu atirasse nele e o deixasse desacordado por algumas horas, tempo suficiente para que pudéssemos levá-lo bem longe dali, pra que nós o cortemos em pedaços e colocar fogo, para que nunca mais ele atormentasse nossas vidas.

continuação 7

Estava deitada no chão da sala, em meios aos meus pensamentos de tortura a mim mesma, nos pensamentos que me puniam, por ter me apaixonado uma vez pelo Rodrigo, até que sinto novamente uma mão masculina, olho com cara de dor para ver quem é, e nunca fico tão feliz em ver o Bruno. Aquela cara de anjo, aqueles olhos, aquele corpo quente e aconchegante, aquela voz que nos faz tão bem, aquele hálito fresco que nos faz sentir viva, nos faz sentir o amor e o afeto tocar o nosso corpo e o coração.
Ele me vê toda ferida novamente e me pergunta o que aconteceu, e eu logo conto minhas descobertas: de que o Rodrigo era o lobisomem, segundo as características que achei nas pesquisas; de que ele me odeia agora e que durante todo esse período de lua cheia, ele irá me perseguir, e querer vingança, mas o Bruno, meio confuso, me pergunta:
-Por que de vingança Phellipa ?
-Por eu ter deixado ele lá, por eu ter esquecido ele tão facilmente, e ter descoberto o amor – era hora deu contar sobre o que estava sentindo, o que me passava pela mente.
- Descoberto o amor? Por quem Phellipa ? – ele me olha com um olhar de que sabe do que se trata, que sabe quem é, mas quer que eu fale, e me puxa para junto dele, e começa a olhar meus novos ferimentos.
-Sim Bruno, durante todas essas semanas, todo esse tempo que nós nos conhecemos, que conversamos, eu me encantei por você. No mesmo dia que você entrou na minha sala do hospital, eu senti algo diferente por você, acho que amor. Eu sei que só sou uma pessoa que foi ferida e que você tem que ajudar mas eu queria, muito mesmo, ter você comigo, não só me ajudando, mas sim sendo meu companheiro, meu amor, meu namorado.
-Phellipa querida, só você não tinha percebido que logo quando eu te vi, me encantei por teu olhar, mesmo você estando naquele estado, eu me apaixonei, e jurei pra mim que teria você pra mim, e que te protegeria em todos os seus passos e em todos os dias de sua vida!
Quando ele terminou de falar tudo aquilo pra mim, eu olhei para seus olhos, e vi que estavam brilhantes e que mostravam verdade em cada uma de suas palavras. Ele aproximou sua boca carnuda, de anjo, para perto da minha, e nossos lábios se tocaram. O nosso beijo era como tocar de sinos de anjos no céu, como se todos os seres do mundo estivessem a nosso favor, aquele beijo quente, com desejo, com vontade de querer viver todos os dias de nossas vidas juntos.
Logo paramos o nosso beijo, porque lembrei dos meus ferimentos, e soltei um gemido de dor, até que demos risadas juntos. Ele pegou, dentro de sua mala, um conjunto de primeiro socorros, porque na verdade não eram ferimentos que necessitavam de pontos, mas curativos e pontos falsos. Seu carinho e cuidado que ele tomava para que eu não sentisse dor, não pensasse coisas ruins, ele conversava enquanto fazia os procedimentos, me fazia rir, mesmo que sem ele perceber, fazia com que o ponto que eu tinha na barriga sangrasse um pouco mais.

continuação 6

Fiquei chocada com a reação dele, ele nunca havia sido agressivo, sempre foi carinhoso, e educado, mas ele estava tomado pela raiva, um ódio muito profundo, do qual eu não sabia, e nem tinha visto ele assim. Ele estava diferente, estava mudado, suas características físicas também estavam mudadas, ele estava mais forte, com uma maior massa muscular. E na hora me veio, páginas e páginas que eu havia lido sobre lobisomens, que falavam que haviam mudanças físicas em pessoas que geralmente se transformam em lobisomens, eles ficam mais fortes, agressivos e geralmente enfurecidos.
Comecei a olhar enojada á ele, como eu poderia ter namorado um lobisomem, um homem tão asqueroso, que muda de forma todas as noites de lua cheia e que pode até me matar com toda essa força. Olho para meus curativos, e minhas mãos, e vejo todas começando a sangrar, e o que eu, uma mulher indefesa e ferida, poderia fazer contra um lobisomem ?
Até que ele escuta algo, do qual eu nem escutei, e saiu correndo me deixando jogada no chão, toda ferida. Quando chega a porta diz:
-Não pense que irei esquecer o que fez pra mim, eu vou voltar e não será uma visita agradável como essa foi, ela será pior!!!!!
Eu choro durante muito tempo,pensando que eu amei muito aquela pessoa, mais depois a gente percebe que na verdade ela não merece nosso carinho, nosso amor, nosso afeto. Uma raiva bate no meu peito, mesmo sem forças, arrumo um jeito de levantar e tudo que eu vejo pela frente que me lembrava o Rodrigo, eu quebro, jogo no chão. Eu estava com uma havaianas nos pés, até que olho para o chão e vejo sangue escorrido por toda a parte, e percebo que naquele meu pequeno tempo de raiva, acabei me cortando com cacos de porcelanas e vidros. Sentia dor, mas não somente dor física, mas sim dor na alma, aquela dor que nos perturba, aquela dor que nos consome, que faz com que a gente não consiga mais pensar em nada a não ser no erro que a gente cometeu. O meu foi o maior e pior erro que cometi na minha vida. O de conhecer e namorar o Rodrigo.

continuação 5

Estava super compenetrada na pesquisa até que escuto a campainha tocar, e logo penso que era o Bruno, então grito:
-Pode entrar Bruno, a porta está aberta!
Eram quase quatro e meia da tarde, e a porta foi abrindo bem devagarzinho, fazendo um ruído que me arrepiava toda a espinha, e me fez lembrar de todo o medo que eu passei a algumas semanas atrás. Quem será que era atrás daquela porta?
Rapidamente levantei, e fui correndo a cozinha pegar uma faca, para que pudesse me defender, de quem quer que fosse. Na hora que eu volto para a sala, a porta estava totalmente aberta, e em passos lentos, pisando leve, no chão de madeira do meu apartamento, com a faca apontada para frente. Chegando cada vez mais perto da porta, eu em movimentos rápidos, pulo para a frente da porta, para ver se havia alguém lá, e só podia se ouvir o movimentar do vento, sem nada ter atrás da porta.
Então, quem quer que fosse, estava dentro do meu apartamento já, devia ter entrado enquanto eu fui a cozinha pegar a faca. Sinto uma mão masculina pegando em meu braço, de um modo mais forte, e viro rapidamente, cm a faca apontada para ver quem era, e logo vejo o Rodrigo. Levo um grande susto, pois ele estava perfeitamente bem, sem nenhum ferimento, sem nada, o que me assustou mais ainda. Sua fisionomia era de quem estava totalmente irritado, incomodado com algo. Rodrigo logo solta um grito horrível:
-Como você pode Phellipa? Me deixar lá, sozinho no meio do nada? Arrumo a luz e não vejo mais você ! E ainda por cima chama por outro nome a não ser o meu ? – ele solta meu braço e me joga no chão, fazendo com que meus pontos, e meus ferimentos, doessem mais do que naturalmente já doíam.

continuação 4

Sentei no sofá, e o Bruno ao meu lado, sempre atencioso, pergunta :
-Você acha que ficará bem aqui, com tantas lembranças do seu amigo, que provavelmente suspeitamos que esteja morto ? Não quer que eu fique aqui com você pelo menos essa noite?
- Pois é né? Eu sou sozinha nesta cidade, minha família mora longe, gostaria muito que alguém ficasse aqui comigo, porque a única pessoa que conhecia aqui nesta cidade era o Rodrigo e ...
-Mas agora você tem a mim, mesmo sendo um delegado, estando ajudando neste caso, sou seu amigo, só quero o seu bem Phellipa – ele pega a minha mão, e me puxa, fazendo assim que me abraçasse, um abraço demonstrando carinho, talvez até amor.
Rodrigo, na verdade, era meu namorado, sofri muito com essa possível morte dele, mas com o Bruno é diferente, é como se eu tivesse me enfeitiçado por ele, agora sim acredito em amor a primeira vista. Logo que vi aquele homem, senti algo especial, é difícil de explicar, conversando com ele, é como se nós fossemos feitos um para o outro, não era fácil disfarçar essa fascinação que criei sobre o Bruno, e eu acho que finalmente posso chamar isso de amor.
Bruno deu uma saída para pegar alguns objetos pessoais, para que ele pudesse dormir em casa. Enquanto isso, eu peguei meu notebook e comecei a pesquisar sobre seres com aquelas características que eu vi, e para minha surpresa, eu estava totalmente certa desde o início, era um lobisomem. Mas como, aliás, quem poderia ser o lobisomem, sendo que a minha casa é no meio de uma floresta, não há pessoas morando perto daquela casa, só estando eu e o Rodrigo?

continuação 3

Algumas semanas se passaram, e logo eu estava totalmente recuperada, e cada vez mais, próxima do delegado Bruno Camargo, aquele homem com alma de garoto, que me ajudava psicologicamente e, com o meu caso, que cada vez mais que eu o detalhava para ele, nós ficávamos mais intrigados.
Quando eu saí do hospital, fui para o meu apartamento, acompanhada do meu mais novo companheiro Bruno, para que nós pensemos mais sobre aquela criatura que havia me machucado, e provavelmente matado o meu amigo Rodrigo.
Cada vez mais que pensava na possibilidade da morte de Rodrigo, me machucava ainda mais, porque ele pode ter morrido por minha culpa, por minha causa. Eu fugi como um gato foge da água, sem pensar nele, que tanto me fez feliz e rir todos esses anos de companheirismo.
Entrei no meu apartamento com Bruno, meia abalada, porque a maioria das coisas que tinham no meu apartamento me faziam lembrar do Rodrigo, porque ele que me ajudou a montar o meu lar, a minha casa. Os objetos, tudo tinha um toque do Rodrigo, aquilo tudo começou a girar e nada eu via, a não ser a imagem do Rodrigo em minha mente. Até que sinto uma mão masculina segurando meu braço, e me girando até que a pessoa pudesse ver o meu estado. Mais uma vez, o meu anjo da guarda mais lindo do mundo, o Bruno, estava do meu lado para me amparar.
Agora, pensando bem, junto do Bruno, eu não tinha culpa da suposta morte de Rodrigo, porque ele foi ver a caixa de luz, mas na verdade não apareceu novamente. Como uma pessoa não daria nenhum grito, nenhum ruído ao ver uma fera como aquela ? Eu e Bruno ficamos muito intrigados com isso.

continuação 2

- Bom, eu e meu amigo estávamos numa casa de campo dos meus pais, e nunca havia acontecido algo parecido lá. Eu e o Rodrigo estávamos conversando na sala e rindo um pouco com a tv, até que acabou a luz, ficou tudo escuro e nada se enxergava sabe ? Ai, o Rodrigo, meu amigo, foi ver a caixa de luz, se conseguia fazer voltar a luz, mas ele não voltou, até que escutei sons lá fora, sai pra ver o que era e não via nada além da escuridão noturna, e fui atacada por um tipo de lobo gigantesco, que me feriu muito, e sua intenção era me matar para que eu pudesse ser seu alimento. Até que fugi dele em direção a floresta, e por motivos dos ferimentos graves, desmaiei de dor e bati a cabeça numa pedra. Não lembrava de nada só sabia que tinha que fugir, até que me escondi pra ver do que eu estava fugindo, e vi aquele lobo, metade homem, metade lobo, atrás de mim. Peguei um graveto, passei em mim para pegar um cheiro, e joguei longe, para que pudesse ir em casa salvar Rodrigo e sair com o carro para fugir, mas não achei Rodrigo, tive que fugir sozinha, porque a dor era muito grande, e tinha que pedir socorro, porque eu sozinha não mataria aquela fera, me sinto culpada por deixá-lo lá, e agora, ele pode estar morto por culpa minha – começo a chorar muito por lembrar daquelas cenas horríveis e por Rodrigo, por não ter o salvo e ele poder estar morto.
- Calma Phellipa, iremos ajudar você, e pegaremos este lobo que tanto te machucou! A, também tentaremos salvar esse seu amigo !
- Promete Bruno ?
-Palavra de honra – ele pega em minha mão, e com a outra mão, faz carinho em meu rosto, limpando todas as minhas lágrimas, tentando me acalmar.

continuação 1

Que Deus me perdoe e o Rodrigo também, mas tinha que ir embora sinão eu viraria comida de lobisomem. Ouvi algo correndo e chegando mais perto dos fundos da casa, peguei a chave e entrei no carro. Dei a partida e fui embora, dirigi o mais rápido que pude, e na estrada chorava muito. Pensava na coisa horrível que havia feito, deixado a pessoa que eu amava junto de um monstro horrível, por isso precisava muito achar alguém que o salvasse, e que me ajudasse também, porque se eu não chegasse rápido á um hospital morreria de tanto perder sangue.
No meio da estrada, achei um centro de polícia rodoviária, eles sim poderiam me ajudar, e teriam armas de fogo potentes para matar aquele monstro que tentou me matar. Parei o carro e desci gritando por socorro, até que não agüentei mais a dor que sentia no corpo e cai no chão desmaiada. Acordei em uma cama macia e confortável, vi meus braços cheios de agulhas e medicamentos, não sentia mais tanta dor como eu estava sentindo na casa do campo.
Assim que me viram acordar, um policial, muito bonito, de olhos azuis, cabelos pretos, alto, mais ou menos com um metro e oitenta, másculo, entrou na sala do hospital, para conversar comigo. Todos estavam tentando desvendar o mistério de que: O que havia acontecido com Phellipa Sampaio. Agora me lembrava bem de tudo que não conseguia lembrar, de tudo que aconteceu, como fui parar naquela floresta horrenda:
- Oi Phellipa, eu sou o Delegado Bruno Camargo, gostaria muito de conversar com você !-arrastou uma cadeira e sentou ao meu lado.
-Oi Bruno, é queria mesmo contar a alguém o que aconteceu, para que possam ajudar o meu, amigo.
-Mas e você agora, está bem ? Como está se sentindo ? Porquê me contaram a hora que você chegou ao centro de polícia rodoviária estava sangrando muito e já estava com risco de morrer. – passou a mão em meus cabelos, e tirou alguns fios que estavam em meus olhos
-É, em compensação ao que eu estava ontem, estou bem melhor! Ainda sinto um pouco de dor, mas creio que logo irá passar
-Phellipa, você estava desacordada a uma semana!
- O quê – bateu um desespero em meu coração, em pensar que o Rodrigo já podia estar morto pelo Lobisomem.
-Calma Phellipa, para que possamos ajudar o seu amigo, teremos que saber o que aconteceu com você, e o lugar onde aconteceu esse horrível acontecido. Eu vou ajudar você! – novamente ele pegou em minha mão, e logo senti uma paz de espírito imensa e sabia que ele iria me ajudar mesmo.

Curtam a Web : - O dia que a noite virou casa do medo

Era noite. Mas não era uma noite comum, estava mais noite que todas as noites que eu já vi em toda a minha vida. Eu senti um arrepio na espinha, me arrepiei inteira. Olho para o chão vejo meus pés descalços e meu vestido todo rasgado. Minhas mãos todas sujas, as unhas também, estava toda machucada, arranhada. Mas porquê de tudo aquilo ? É como se uma parte da minha memória houvesse sido apagada e não me lembrava do que havia acontecido, só sabia que estava com um medo que me dava vontade de gritar, e sabia que algo estava atrás de mim.
E uma idéia veio em minha mente, fui me esconder atrás de uma grande árvore na floresta pra ver se o que tanto me perseguia e tanto me amedrontava. Esperei alguns minutos e vi um ser vindo e procurando algo, mas não era um ser comum, era metade homem, metade lobo. Ai tive certeza, estava fugindo de um lobisomem.
Mas ele sentia meu cheiro, e estava vindo em minha direção, o que eu iria fazer? Minhas mãos tremiam, meu corpo doía e nenhuma idéia vinha a minha mente. Até que silenciosamente, peguei um grande graveto que estava no chão e passei em meu corpo, para que o graveto carregasse o meu cheiro. E o joguei longe, o mais longe que eu pude, e o monstro saiu correndo em direção do graveto. E eu corri longe em direção a minha casa do campo, pegar minhas coisas, minha chave do carro e sair dali. Precisava pegar o Rodrigo e sair de lá, mas corri em toda a casa, em todos os cômodos, subi e desci as escadas, com meu pé sangrando demais e doendo mais que tudo, mas nada de achar o Rodrigo.